Em 1958 meu avô paterno, Pompílio Barbosa da Silva, veio do interior de Pelotas, com a esposa e três dos seus filhos, incentivado por sua filha mais velha Ignes e seu genro Jerônimo, que já moravam na capital, visto que a vida no interior já não estava muito fácil naquela época. Ele vendeu as suas terras e comprou um terreno na Rua Dr. Mário Totta.
Entre os anos de 1958 a 1960, João Goulart já era vice presidente do Brasil, cedeu o terreno ao meu avô Pompílio, para que criasse uma vaca, plantasse milho, amendoim e abóbora, para o sustento de sua família, pois ele ainda não havia conseguido emprego na cidade.
Jango tinha moradia na região (infelizmente não consegui descobrir em que parte, se no bairro Camaquã ou no bairro Tristeza), mas era nessas imediações. Ele aparecia de vez em quando e fez essa amizade com meu avô.
No mesmo ano de 1958, um grupo de católicos, do bairro Camaquã, reunia-se para rezar o terço numa sala cedida pelo Senador Alberto Pasqualini. Então, Monsenhor Pedro Alberto Hoff, pároco da igreja Santa Flora, ficou sabendo que João Goulart tinha um terreno na rua Vitor Silva, uma área de 38,90m de frente por 69,50m e de um lado e 87,50m pelo outro lado, distando 79m da esquina da rua Dr. Pereira Neto. Sabedor disso foi buscar apoio de dona Neusa Goulart, irmã de Jango e esposa de Brizola, que aconselhou que pedissem direto a João Goulart, que se encontrava no Rio de Janeiro.
Na próxima visita a Porto Alegre, Jango procurou meu avô e pediu o terreno de volta, pois o doaria a Cúria, que prometeu construir uma escola para a “gurizada do bairro”, palavra do próprio Jango, em diálogo que meu pai, Antônio, filho de Pompílio participou, e me contou, e diz lembrar-se como se fosse hoje.
Então a comunidade cercou o terreno e mais tarde construiu um galpão para as celebrações e festas.
Em 1963, chegou a notícia da doação do terreno, através do procurador de João Goulart, advogado Manoel Viana Gomes, com a notificação que deveria a capela a ser construída levar o nome de São Vicente em homenagem a seu pai e sua mãe. Com o golpe militar de 1964 parecia tudo perdido, porque as escrituras não estavam assinadas e João Goulart fora exilado no Uruguai. A assinatura final da doação foi obtida e reconhecida no Uruguai no dia 17 de setembro de 1964, com a anuência das autoridades daquele país e do consulado brasileiro. Mais tarde ele doou outros 10 metros da faixa de terra que compõe atualmente a área de propriedade da Mitra Arquidiocesana. A paróquia foi erigida em 22 de janeiro de 1965.
Realmente a escola pública existiu ali por algum tempo, pois estudei lá em 1974, no Jardim de Infância, com a professora Cedilma, as aulas eram ministradas no porão da igreja já construída. Nesse ano só tinha turma de jardim e primeira série. Lembro que, nessa época, também havia no porão da igreja atendimento por dentistas, para a comunidade.
Como o assunto tratado aqui não é a carreira política de Jango, somente informarei um resumo de sua biografia e uma cronologia sumária da vida política.
Resumo da biografia de João Goulart
João Belchior Marques Goulart nasceu na cidade de São Borja, no dia 1º de março de 1919.
Conhecido desde a infância como Jango, era filho de Vicente Rodrigues Goulart e Vicentina Marques Goulart. Era o primogênito e tinha 7 irmãos.
O pai de João Goulart era um estancieiro que criava gado e ovelhas, além de ser produtor de charque.
Grande parte da infância de João Goulart se deu nas fazendas de seu pai, e aos nove anos, foi enviado para um internato chamado em Uruguaiana e permaneceu lá por cinco anos.
Depois de concluir seu ensino básico, João Goulart seguiu o desejo de seu pai e se matriculou, em 1935, na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, em Porto Alegre, para formar-se em Direito. Apesar disso, ele não tinha intenção nenhuma de seguir carreira na advocacia, pois seu desejo era o de ajudar seu pai na administração das fazendas e dos negócios de sua família.
Durante o seu curso, João Goulart pediu auxílio de seu pai para que pudesse começar o próprio negócio. Ele recebeu uma porção de terra e a transformou em uma fazenda especializada na engorda dos bois. Assim, ele comprava gado, engordava-os e, em seguida, vendia-os para frigoríficos da região. Era um negócio altamente lucrativo e que deu retorno imediato para seu proprietário.
Depois de concluir seu curso, em 1939, João Goulart decidiu que de fato não seguiria carreira no Direito. Ele assumiria os negócios da família porque gostava de cuidar das fazendas e porque seu pai, Vicente, estava muito doente. Jango assumiu todos os negócios de sua família em 1941 e rapidamente prosperou.
Apesar de rico, João Goulart era tido como um homem humilde, que não usava de sua posição para explorar os outros.
Cronologia sumária política:
1945 – Entra no PTB
1947 – Eleito Deputado Estadual
1950 – Eleito Deputado Federal
1954 – Ministro do Trabalho
1958 – Vice Presidente do Brasil
1961 – Campanha da Legalidade
1963 – Presidente do Brasil
1964 – Golpe Militar
1964 a 1975 – Exilado político no Uruguai
1976 – Falece na Argentina
Texto: Miriam Lima
Fontes: SILVA, Daniel Neves. “João Goulart”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/joao-goulart.htm. Acesso em 20 de dezembro de 2021
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