Quem passa pela rua Déa Coufal não imagina que o nome que denomina a via faz homenagem a uma mulher a frente do seu tempo.
Déa Cezar Coufal nasceu em 20 de maio de 1904, em Porto Alegre, cresceu em uma família de boa posição social e financeira e estudou na Escola Sevigné, dirigida pelas Irmãs de São José, onde desenvolveu um sentimento profundo de fé e caridade
Era uma moça muito bonita que gostava de festas, e chegou a vencer um concurso de beleza da Sociedade Cultural e Bailante Jocotó, fundada pelo Dr. Mário Totta.
Por volta de 1920, ela e o engenheiro Cívil Oswaldo Coufal (criador do loteamento que deu origem ao bairro Ipanema) se conheceram e começaram o namoro, além de jovens bonitos, ambos eram idealistas e sonhavam com uma participação mais efetiva na vida da comunidade.
Sonhos esses que começaram a se realizar após o casamento.
Déa Coufal fundou em 1932 a Creche São Francisco, que funcionava em um prédio que foi construído por Oswaldo, com recursos próprios. Ela começou a ver a possibilidade de desenvolver seu programa de assistência as famílias necessitadas, quando o bairro Ipanema começou a nascer.
Doava alimentos, roupas e remédios, levava tudo numa charrete puxada pelas éguas Rosilha e Boneca, também ensinava noções de higiene pessoal e prevenção de doenças. Então sentiu a necessidade de congregar aquelas pessoas em uma igreja, pediu ao marido que doasse os terrenos 1 e 58 da quadra 13, do loteamento Ipanema, com frente para a praça central, Avenida Tramandaí e rua Leme, e mobilizou a comunidade em uma campanha de contribuições e a construção iniciou em 1935. Já com o andamento da obra acontecendo, Déa viajou para Aparecida, em São Paulo. Comprou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida com as mesmas dimensões da original e pediu para que um sacerdote a benzesse dentro do Santuário. A Capela foi inaugurada em 1937.
Déa Coufal lançou a Campanha do Natal da Criança Pobre e estimulava as famílias mais abastadas a colaborar com doações de roupas, brinquedos e alimentos para os mais necessitados. Em 1936 fundou a Creche Nossa Senhora dos Navegantes.
Como já estava expandindo seu trabalho comunitário, em 1939 ela trocou a charrete por um automóvel Ford 39, que ganhou o apelido de “Navalha”, pois ela andava muito rápido, passando a “navalha”. Déa foi a segunda mulher a receber carta de habilitação no Rio Grande do Sul.
Preocupada com as crianças portadoras de deficiências que ficavam nas creches que ela fundou, mobilizou as senhoras da sociedade e criou a Casa da Criança Inválida, este projeto demorou um pouco mais a se realizar, pois exigia muito recursos e profissionais treinados. A instituição se estabeleceu provisoriamente em um casarão e atendia 20 crianças deficientes, a sede própria só foi inaugurada em 11 de outubro de 1946, novamente em terreno doado pelos Coufal e projetado por Oswaldo. No local hoje temos o Educandário São João Batista que continua dando assistência a estas crianças.
Déa e Oswaldo tiveram cinco filhos: Gilberto Mário, Geraldo, Roberto Oswaldo, Marcello e Luiz Fernando.
Déa Coufal faleceu aos 63 anos, no Rio de Janeiro, onde foi fazer tratamento médico.
Em 13 de dezembro de 1968 foi aprovada a Lei que oficializou a troca de nome da rua Ipanema para rua Déa Coufal.
Imagem: https://janeterm.wordpress.com/2011/06/19/mulheres-de-ipanema-dea-coufal
Fonte: As Ruas de Porto Alegre – Nomes de ontem e de hoje – Eloy Terra