ERAM DUAS MENINAS QUE QUERIAM MELHORAR O MUNDO

Mariana e Malane Casagrande

MARIANA e MALANE CASAGRANDE

Mariana e Malane e a inauguração da praça

A passagem das irmãs Casagrande por este mundo foi curta, mas intensa, partiram cedo, Mariana com 18 anos e Malane com 14 anos, tinham personalidade forte, ambas taurinas, mas cada uma com suas peculiaridades.

Filhas de Diógenes Oliveira Casagrande e Jaqueline Casagrande, Mariana nasceu no dia 02 de maio de 1985 e Malane nasceu dia 25 de abril de 1989.

Quando Mariana tinha 2 anos, a família foi morar no Jardim Vila Nova, onde as meninas cresceram e fizeram muitas amizades.

Aos 7 anos de idade Mariana iniciou no judô e se destacou nesse esporte, com oito anos já fazia parte da Equipe do Grêmio Náutico Gaúcho, onde participou de praticamente de todas as competições do Estado do Rio Grande do Sul, de 1993 a 1997. Dentre estas, recebeu em torno de vinte medalhas – Campeã Citadina em 1994, 1995 e 1997; Vice-campeã, em 1996, no Circuito das Copas, promovido pela Federação Gaúcha de Judô; foi também duas vezes campeã, duas vezes vice, e sendo uma vez, terceiro lugar; Destaque Regional em 1994; Campeã Gaúcha em 1995 e Destaque Estadual em 1995 e 1996.

Estudava italiano, pois queria ir até a Itália, conhecer o país de seus antepassados. Aos 18 anos ingressou na faculdade de Biologia, pois amava a vida de todas as formas.

Malane também era muito dedicada aos estudos, destacando-se entre os melhores alunos das escolas que frequentou. Ela sempre participou ativamente de atividades culturais, como feiras de ciência, feiras do livro, e conhecia todos os museus de Porto Alegre. Gostava de atividades esportivas, pertencendo aos times de vôlei da Escola Adventista e Instituto Santa Luzia. Nesta última, juntamente com dois colegas, dirigiu uma rádio dentro da Escola, em 2002, transmitindo notícias e música jovem, durante o horário de recreio. Em 2003, n mesma escola, encaminhou um projeto para a formação do Grêmio Estudantil Santa Luzia. Frequentava a escola pela manhã e dividia suas tardes entre o voleibol e as aulas de francês.

As duas irmãs participavam de atividades voluntárias da Aldeia da Fraternidade, onde arrecadação de alimentos e roupas para os necessitados. Todos os anos juntavam brinquedos e roupas para distribuir, pessoalmente no Centro de Porto Alegre, para as crianças de rua, além de terem grande preocupação social, também, com as pessoas idosas.

Segundo a mãe Jaqueline, “Mariana era totalmente desenibida, personalidade forte, sempre soube o que queria e tinha muita pressa de vida. Olhar forte e o amor também, achava que podia mudar o mundo, lutava por seus direitos e o de quem precisasse também, fomos chamados muitas vezes nas escolas que estudou por conta disto. Era amiga pra todas as horas, por muitas vezes fazia papel de mãe com os próprios pais e as irmãs, sempre que eu saia a noite com o pai dela, ligava para saber onde estávamos e que horas íamos voltar pra casa.”

E sobre Malane, a mãe conta: “ela tinha uma risada contagiante, meiga, um pouco tímida, madura, independente, decidida, gostava muito de aprender e pesquisava sobre tudo que lhe despertasse curiosidade. Adorava fazer e receber carinho, gostava da família unida, preocupada com a humanidade e com a natureza, gostava das estrelas e do mundo místico. Suas amizades eram sempre especiais e o amor vital”

Mariana foi indiretamente responsável pela regulamentação da Legislação do Transporte Escolar de Porto Alegre, pois quando tinha 9 anos de idade, usava a “kombi” para ir e voltar da escola e aconteceu o seguinte fato:

Mariana se recusou a compartilhar um chiclete com o motorista da Kombi, o mesmo tomou-o a força. Mariana disse um palavrão para o desmiolado condutor, que imediatamente lhe deu um tapa.

O pai, Diógenes, que na época era sargento da Brigada, e eram os brigadianos que faziam a fiscalização de trânsito, já que ainda não havia a EPTC, nos conta que: “Tudo poderia ter tomado somente o rumo da justiça, mas a coisa não foi tão normal assim. O motorista juntou umas testemunhas (parentes dele, e entre eles um colega de farda), e levou na SMT para a audiência com o jurídico daquela secretaria, onde todos afirmaram que a Mariana era uma criança violenta. O jurídico/SMT o absolveu.

A comunidade onde morávamos, Jardim Vila Nova, mobilizou-se e fez um abaixo assinado contestando a afirmação da SMT, os professores da Mariana escreveram cartas, o médico dela Dr. Luiz Queiroz fez um laudo e o Sensei Cid do Judô do Grêmio Náutico Gaúcho, onde a Mariana treinava, também fez um manifesto.

Virou um debate num programa de rádio, muito conhecido em Porto Alegre, e foi assunto na câmara municipal e fui parar no gabinete do Prefeito de Porto Alegre, que nos pediu desculpas pelos atos desastrados da advogada responsável pelo jurídico da SMT, que foi imediatamente afastada.

Não existia uma regulamentação para ser motorista de escolar em Porto Alegre, então com esta confusão o então vereador Joselim Azambuja, com o apoio do presidente da Associação de Transportadores Escolares o Joredi, apresentaram a aprovaram a nova lei.”

As meninas faleceram em um acidente de carro, no dia 27 de setembro de 2003, Mariana com 18 anos e Malane com 14 anos, junto com mais três jovens, em trevo na cidade de Charqueadas.

Os pais procuraram amparo, além da família e amigos, no Grupo de Apoio do VIDA URGENTE e fazem parte do coral da instituição e também na filha mais nova, Maria Gabriela, que na época era um bebê de dois anos e hoje é uma linda moça com 20 anos de idade.

A praça que leva o nome das irmãs fica localizada no bairro Vila Nova, onde elas moravam, conforme a Lei 9.624 de 29 de outubro de 2004.

Texto de: Miriam Lima

Fontes: Câmara dos vereadores de Porto Alegre – PLL 165/04 – vereador João Bosco Vaz

https://www.facebook.com/historiasMarianaeMalane

http://marianamalanecasagrande.blogspot.com/2011/04/?m=1

Imagens: Acervo da família Casagrande

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