Para contar a história desses dois personagens, é preciso antes, contar a história da Fazenda Boqueirão, antes que a cidade de Porto Alegre fosse fundada em 1772, o território havia sido distribuído em três sesmarias, concedidas respectivamente a Jerônimo de Ornellas Menezes Vasconcellos, Sebastião Francisco Chaves e Dionísio Rodrigues Mendes, limitadas entre o arroio Feijó, os rios Gravataí e Guaíba, sobre isso já falamos aqui por diversas vezes.
A Fazenda Boqueirão foi criada a partir da compra de terras que pertenceram a Miguel Bráz, natural de Laguna. O mesmo recebeu como doação, em 1755, da Coroa portuguesa e a viúva dele, Isabel dos Santos Maciel ficou como herdeira das terras.
Em 1789, Manuel Lourenço Mariante, natural da Ilha dos Açores, Portugal, adquiriu as terras da viúva de Miguel Bráz, mais especificamente de Bernardo Jose da Rocha, seu segundo marido.
Após o falecimento de Manuel Lourenço Mariante, em 1887, seus filhos Antero Lourenço Mariante e Afonso Lourenço Mariante herdam as terras que sediam a propriedade. Para Afonso coube à área da sede da fazenda. Ele mesmo era solteiro e não tinha filhos, porém, como assumiu a guarda de uma afilhada, Rafaela Serpa, filha de seus empregados, ela herdou herda a propriedade em 1925, quando Afonso faleceu. Posteriormente, Rafaela se casa com o português João de Oliveira Remião assumindo o nome de Rafaela Serpa Remião.
Na primeira metade do século XIX, a Fazenda Boqueirão estava inserida na Freguesia de Belém (A Freguesia de Belém passa a se chamar Belém Velho somente em 1980 quando Belém Novo tem sua fundação no extremo Sul de Porto Alegre). Hoje, a área da antiga Fazenda está situada no Bairro Lomba do Pinheiro. Foi vendida uma parte e a outra parte ficou de herança para o neto de Rafaela e João de Oliveira Remião, que se associou com uma grande empreiteira para fazer um condomínio no local.
Algumas partes da antiga Fazenda foram transformadas em sítio arqueológico pelo IPHAN, recebendo a nomenclatura RS.JA-18 – Fazenda Lomba do Pinheiro. Em 2010, as pesquisas arqueológicas comprovaram, através dos vestígios de uma edificação e de materiais recuperados, a relevância histórica do local. Dentre os materiais encontrados destacam-se uma quantidade significativa de cerâmica de influência africana, com recipientes nunca antes vistos em sítios do município de Porto Alegre, evidenciando que houve ali também uma senzala.
A Estrada Afonso Lourenço Mariante é regida pela Lei 1679/1956.
A Estrada João de Oliveira Remião é regida pela Lei 629/1951.
Texto de Miriam Lima
Fonte e imagens: MORAES, Manuela Garcia – ERA UMA VEZ A FAZENDA DO BOQUEIRÃO: Memória, território e imaginário em torno da Fazenda do Boqueirão, Lomba do Pinheiro, Porto Alegre, RS, 2017
https://leismunicipais.com.br/prefeitura/rs/porto-alegre consultado em 16/05/2023 às 16h