De mulato, pobre e operário a Conselheiro Municipal
Francisco Xavier da Costa nasceu em Porto Alegre, em 3 de dezembro sabe-se que foi na década de 1870, mas o ano é incerto. Era filho do baiano José Pereira da Costa e da gaúcha Carolina dos Reis Costa. Muito cedo ficou órfão de pai e teve que buscar emprego para ajudar sua mãe e suas irmãs. Mulato e pobre, enfrentou uma série de preconceitos, naquele final de século que assistia ao declínio da escravidão e da monarquia. Ingressou como aprendiz numa oficina de litografia, setor dominado pelos alemães naquela época. Aos poucos, aprendeu o ofício e tornou-se um hábil perito gravador e subiu rapidamente em sua trajetória como gráfico, jornalista e militante socialista. O contato com os imigrantes alemães e a assimilação do idioma estrangeiro assumiram um papel importante na vida de Francisco Xavier da Costa, tanto no aspecto profissional quanto em sua vida particular, pois nessa roda de amigos que conheceu a sua futura esposa, a austríaca Leopoldina, com quem teve 6 filhos.
Desde a última década do século XIX, engajou-se no recente movimento operário gaúcho e tornou-se um grande propagador das ideias socialistas marxistas na capital do Estado. Nesse sentido, participou da fundação de partidos operários e de associações profissionais, organizou congressos de trabalhadores e liderou greves. Defendeu a organização política dos trabalhadores, propondo a formação de partidos autenticamente operários que pudessem eleger representantes dessa classe, os quais lutavam pela emancipação do proletariado e pela melhora de suas condições de vida e trabalho.
Portanto, era o que se poderia chamar de um socialista reformista, talvez o primeiro do Rio Grande do Sul. Em 1906, liderou a primeira greve geral do Rio Grande do Sul que tinha, como sua reivindicação principal, a jornada de 8 horas de trabalho. No início da década de 1910, frente ao avanço dos anarquistas, dos quais era férreo inimigo, na organização operária de Porto Alegre, aproximou-se do Partido Republicano Rio-grandense (PRR), que dominava a política estadual desde o final da Revolução Federalista (1893-1893). Em 1912, elegeu-se Conselheiro Municipal, uma espécie de vereador da época e tornou-se o primeiro operário e o primeiro afrodescendente a ocupar esse posto. A partir daí, seu nome foi destacado na elite política local, propôs, no Conselho Municipal, diversas medidas que beneficiavam os operários. Faleceu em 1934, em Porto Alegre.
A rua que leva o nome do Conselheiro Xavier da Costa é uma das principais do bairro Ipanema.
Texto de Miriam Lima
FONTE e IMAGEM: http://ahpoa.blogspot.com/2010/06/fundo-privado-francisco-xavier-da-costa.html CONSULTADO EM 22/04/2022 ÀS 17H