No dia 22 de maio de 1938, o Carlitos, fazia sua estreia no Internacional. Ele é, até hoje, o maior goleador da história do Clube: marcou 485 gols em 384 jogos ao longo da sua carreira, 42 deles em 62 Gre-Nais, além de ter sido dez vezes campeão gaúcho pelo Inter.
Mas o que venho contar hoje é que o Carlitos nasceu e criou-se na Tristeza, a família morava na Padre Reus, e mais uma curiosidade sobre o craque, seu nome não era Carlos, o que seria de se deduzir pelo apelido Carlitos, mas houve um erro de registro pelo escrivão do Cartório, que só foi notado pela família quando o pai chegou em casa com a Certidão de nascimento. Ficou registrado como Alberto Zolim Filho.
Nasceu no dia 27 de novembro de 1921. Era filho de Alberto Zolim e Dona Gonçalina, nem os pais, nem a irmã Elsa pararam de chamar o menino de Carlinhos, pois esse era o nome escolhido.
O pai era louco por futebol, quando não estava trabalhando com granito, passava suas horas de folha no Tristezense Futebol Clube, era técnico dos juvenis, juiz de futebol e chegou a ser presidente do Clube. Imaginem né, pai apaixonado pelo futebol filho também. Cedo já corria atrás da bola no “Filhotes do Tristezense”.
Aos 14 anos Carlinhos já era titular do segundo quadro, aos 15 no primeiro quadro era o destaque de todas as partidas. Nesse ano o presidente do clube era o Sr. Máximo Baseggio, além de colorado doente, então resolveu levar o menino treinar no Internacional. Em uma tarde, no treino, dois Carlitos conversavam ao lado do gramado, (abre-se parênteses aqui para informar que o outro Carlitos também era cria da Tristeza, jogador do Botafogo, Carlos Baldo e já conhecido do trinador de base do Inter), então, o treinador gritou: Entra o Carlitos! E o estreante saiu correndo na frente do outro, entrou na ponta esquerda e causou grande surpresa ao treinador. Já no próximo domingo foi escalado para o jogo, jogava meio tempo em cada ponta, pois chutava com os dois pés, e fez um gol em cada tempo. Na outra semana já jogou seu primeiro Gre-Nal, deixando sua marca por três vezes no gol.
Tinha “fome” de bola, se tivesse oportunidade jogava de manhã, de tarde e de noite, em certo um domingo pela manhã, havia uma gurizada batendo bola no campo do Tristezense, chamaram ele pra entrar no jogo, quando era quase hora do almoço, seu pai chega esbaforido chamando: Tu não sabes que hoje é dia de Gre-Nal? Na época não havia concentração de jogadores, e o rapaz logo correu em casa para se lavar almoçar e cumprir seu compromisso profissional. Aos 16 anos foi convocado para a Seleção Gaúcha.
Ao lado de Tesourinha, Adãozinho, formou aquele que é considerado o maior ataque colorado de todos os tempos, que rendeu ao time o apelido de Rolo Compressor nos anos 40.
O Rolo Compressor:
Ivo Winck, goleiro: foi a grande revelação de 1941 no São José-POA e continuou a brilhar por mais alguns anos no Internacional, sendo convocado pela Seleção Gaúcha.
Alfeu, zagueiro pela direita: já anos antes andara pelo Internacional, formando a famosa dupla com Natal. Ambos foram parar no futebol paulista, mas Alfeu voltou em 1940. Um dos zagueiros mais perfeitos e velozes do futebol gaúcho em todos os tempos. Veio do futebol fronteiriço do Rio Grande do Sul.
Nena, zagueiro pela esquerda: descoberto pelo treinador Ricardo Diez, naquele mesmo ano de 1942, no futebol varzeano de Porto Alegre. Um dos grandes de todos os tempos na posição. Tinha apelido de ‘Parada 18’ porque passar por ele era dura empreitada. Foi reserva da Seleção Nacional no Mundial de 1950, no Rio de Janeiro.
Assis, lateral-direito: jogador de alta técnica e exímio cobrador de tiro-livres. Originário de Uruguaiana, o lateral teve problemas com o excesso de peso e foi um dos primeiros do Rolo a requerer substituto.
Ávila, centromédio: grande jogador da posição. Veio para Porto Alegre em 1941, de Pelotas, doente. Hospitalizou-se no Hospital da Brigada, pois era soldado dessa corporação. Os médicos duvidavam que ainda pudesse jogar futebol, de tão abatido pela sífilis que estava. Mas, homem de ferro, se recuperou logo para tornar-se um dos astros máximos da equipe.
Abigail, lateral-esquerdo: comprado do Força e Luz, no início de 1942, era um dos jogadores mais regulares do time. Foi assim durante toda a sua carreira.
Tesourinha, ponta-direita: jogador ‘prata da casa’ saído dos juvenis em 1939, jogou durante longo tempo na Seleção Nacional. Tinha um drible desconcertante, que encantava o espectador.
Russinho, capitão do time, moço rico de bacharel. Grande dinamismo e técnica razoável. Jogava futebol mais por amor ao esporte do que por necessidade de dinheiro, mas foi fundamental nas conquistas do time.
Vilalba, argentino vindo de São Borja para um teste. Aprovado, mostrou ser um grande centroavante. Saindo do Internacional, foi jogar no Palmeiras e teve boa atuação. Voltou ao Internacional e encerrou sua carreira com a camisa vermelha.
Rui, veio de Alegrete e era um jogador com grande liderança na equipe, pelo ardor com que disputava as partidas. Excelente em qualquer lado do meio-campo. Com Russinho no time, Rui atuava na esquerda.
Carlitos, zagueiro de origem, veio em 1948 do arrabalde da Tristeza. Devido a sua rapidez, acabou indo para o ataque e, depois, firmou-se na ponta esquerda. Tornou-se o maior goleador gaúcho de todos os tempos. Jogou 15 anos ininterruptos no Internacional e marcou 485 gols ao longo da sua carreira.
Não chegou a jogar no Beira Rio, apenas desceu de helicóptero no gramado do novo estádio, acompanhado por jornalistas. Seu celeiro foi nos Eucaliptos.
Carlitos também é o autor do famoso Gol do Plano Inclinado, quando, diante do Cruzeiro, entrou correndo na pequena área, passou direto para dentro do gol, mas, antes, encontrou tempo para atirar-se para trás e marcar de cabeça. Recordista absoluto no Clube, Carlitos jamais defendeu outro time em sua longa carreira.
Faleceu em 30 de outubro 2001, aos 79 anos, deixou os filhos Iran, Irani e Ivan.
Texto de Miriam Lima
Fontes: Revelando a Tristeza volume 2 – Roberto Pelin
https://legado.internacional.com.br consultado em 02/02/2022 – 11h45m
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