Três nomes diferentes, dados pelos moradores para um mesmo local.
Quem aí, morador da zona sul de Porto Alegre, nunca subiu o morro? Principalmente para colher macela, na madrugada da sexta-feira santa, ou mesmo para dar um passeio diferente no final de semana.
O Morro do Osso tem 143 metros de altura, e fica localizado entre os bairros Cavalhada, Tristeza, Camaquã e Ipanema.
O Morro do Osso é uma formação geológica que faz parte de uma cadeia de morros chamados graníticos, comuns na região da zona sul de Porto Alegre. O morro possui cursos d’água e é uma das vinte e sete sub-bacias hidrográficas da cidade e que deságua no Guaíba, após atravessar uma canalização na Avenida Coronel Marcos.
Sobre a origem do nome do Morro do Osso temos três versões diferentes, como coloquei no título:
Conforme relatos de antigos moradores da região, é que ele derivaria do costume de jogar-se o “Jogo-do-osso” no topo do morro, de onde seria mais fácil avistar a polícia, pois o jogo à dinheiro, apesar de ser uma prática cultural bem difundida, é proibido. Ainda existe a versão para o nome Morro do Osso, por existir no local um antigo cemitério indígena.
Outros relatam ainda que conheciam o morro como o “Pé-de-Deus”, devido ao conjunto de matacões de granito que possuem esse nome, próximo ao topo do morro.
Outros moradores o chamavam de Sétimo Céu, nome atribuído hoje a uma das extremidades do parque, mais próxima à margem do Guaíba. Também existem relatos de que o local era chamado Morro Conceição.
A partir da iniciativa de ecologistas e ambientalistas, foi criado o Parque Municipal do Morro do Osso, em 1994, abrangendo uma área de 57 hectares de extensão, com ampliação prevista no plano diretor para 127 hectares, mas que nunca foi alcançada, a fim de preservar a fauna e flora da região.
Em abril de 2004 índios da raça kaingang invadiram a parte oeste do Morro do Osso. Sua presença incorreu em uma série de atrito envolvendo políticos, administradores, ecologistas e moradores dos bairros próximos, que se dividiram entre apoiar ou refutar a permanência dos índios no local. De acordo com nossas pesquisas o processo ainda corre na justiça, caso alguém tenha maiores informações sobre o assunto, nos avisem.
As principais motivações da ocupação do Morro do Osso pelos kaingang estão relacionadas à possível existência de um cemitério indígena, como falado acima, e da localização de restos de casas subterrâneas que consideram de sua ancestralidade, A respeito disso, muitos ecologistas, incluindo aí a direção do parque, continuam se manifestando contra presença dos indígenas no local, alegando serem eles a principal ameaça a fauna e flora existente no morro.
Em 2006 os índios encontraram evidências arqueológicas que confirmam a ancestralidade da presença indígena no local. Uma pedra de percussão e uma pedra de corte foram levadas por eles para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente encontra-se no acervo do laboratório de Arqueologia e Etnologia daquela universidade
No morro tem dois buracos (cavernas), chamadas Toca do Sapateiro, algumas pessoas chegam a dizer que as cavernas chegam a medir 6 metros, porém cabem uma pessoa em pé na entrada, o nome deriva de uma lenda, que um sapateiro teria matado a sua esposa e escondeu-se da polícia nas cavernas.
A pedra conhecida como “Pé de Deus” é um bloco granítico de extremidades arredondadas, amontoado sobre outras rochas formando uma pequena caverna em sua parte inferior. Na parte lateral da rocha, existe uma rachadura onde, pode-se chegar a um ponto onde escalar a pedra é possível. Na parte superior da pedra tem uma cavidade em formato de PEGADA, aqui temos outra lenda, qualquer pessoa que colocar o pé dentro dela (não importando o tamanho deste) terá o encaixe perfeito, daí viria seu nome, mas também temos a versão dos índios:
“Segundo Francisco Arokÿ, vice-cacique do Morro do Osso, a pegada na pedra possui propriedades de cura, agindo sobre aquele que coloca seu pé dentro dela. (…) as propriedades curativas da pedra estão relacionadas à sua origem divina: esta seria a pegada de uma divindade ou homem santo que teria estado entre os antigos há muito tempo. A pedra é encarada como um marco, uma evidência de sua passagem por aquela região.”
O parque dispõe de atividades educacionais e programas de educação ambiental. Visitas orientadas podem ser agendadas por instituições de ensino e pesquisa.
Existem duas opções de trilhas, com cerca de 1,5km cada uma que terminam no ponto mais alto do morro.
As visitações podem ser agendadas pelo telefone: (51) 3289-5071 ou pelo e-mail:
morrodoosso@smam.prefpoa.com.br
Texto de Miriam Lima
Fontes: PRADELLA, Luiz Gustavo Souza. Tempo, espaço e referência: marcos de ambiência kaingang no Morro do Osso. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 26, p. 1-13. GT 34, 2008, Porto Seguro. 2008
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/default.php?p_secao=158 acessado em 09/06/2022 às 14h30min
Fonte: Plano de Manejo do Parque Natural Morro do Osso, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2006
Imagens:
Toca do Sapateiro: https://www.cprm.gov.br/geossit/geossitios/ver/373 acessado em 09/06/2022 às 11h56min
Pé de Deus: periodiocos.uff.br acessado em 09/06/2022 às 12h
Vista do morro: https://www.facebook.com/morrodoosso acessado em 09/06/2022 às 12h07min