Desde ontem, 28 de março de 2023, temos passeando pelos céus de Porto Alegre um Zeppelin, fazendo propaganda de um evento que está acontecendo na cidade, hoje em dia todos com seus celulares na mão, fotografando e filmando o visitante aéreo, não faltará história no futuro sobre, já que as redes sociais e os sites estão contando para o mundo todo sobre ele.
Mas quero contar que no ano de 1934, a cidade parou para ver passar um Zeppelin fabricado pelos alemães, e que estava fazendo a volta ao mundo. Na rota da nave, estava sobrevoar São Leopoldo e Porto Alegre, em direção a Buenos Aires, passando assim, bem acima do bairro Tristeza.
Na época a Alemanha estava voltada para investimentos modernos em tecnologia, pois já estavam planejando a segunda grande guerra, o Conde Fernando de Zeppelin foi o comandante da construção da nave, daí o nome. A aeronave era enorme no mesmo formato de charuto que tem hoje, com motores a propulsão e a lona exterior era toda inflada com gás hélio, já que é mais leve que o ar, o gás tinha a finalidade de elevar a aeronave, enquanto os motores davam a propulsão, quando estava aterrissado ficava amarrado por cordas. Além da tripulação, técnicos e cientista, a aeronave levava vinte passageiros. O dirigível era grande, tinha 235mt de comprimento por 35mt de diâmetro, podia viajar até 11.000 km sem precisar de reabastecimento, e voava a 35km por hora. O nome da nave era Gra-Zeppelin.
Rubem Berta, fundador da Varig, e de origem alemã, mandou o avião Caiçara, até Torres, para receber o Zeppelin logo que entrasse no Rio Grande do Sul.
O povo da Tristeza estava em alvoroço, muitos foram para o Morro do Osso e outros foram para a recém inaugurada caixa d’água da Vila Conceição. O Zeppelin voava baixo, de 300 a 500mt de altura) e a sua direção seria margeando o Guaíba, rumo a Lagoa dos Patos. Quando passou pela Tristeza, segundo Roberto Pellin, podia-se ver os passageiros acenando lenços para o povo.
O fato ocorreu no início da tarde de 29 de junho de 1934, e como era inverno, fazia muito frio e ventava forte, mas o povo não arrastou o pé. O vôo sobre Porto Alegre durou 15 minutos.
Os alemães deixaram de fabricar a aeronave, em em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, voos interligando continentes já não era mais possíveis.
Texto: Miriam Lima
Fonte: PELLIN, Roberto – Revelando a Tristeza – volume II, 1996
Imagem: Museu Porto Alegre
