Hoje não vou falar de uma rua ou bairro da zona sul de Porto Alegre, mas vou falar da nossa cidade.
Sei que vocês gostam de histórias curiosas e que não são contadas nas maiorias dos livros escolares.
A parte que todos já sabem é que Jerônimo de Ornellas tinha como propriedade a sesmaria mais importante da região, que vinha desde o atual morro Santana, até a península a beira do Guaíba, onde hoje é o Centro Histórico. Como sua fazenda de criação de gado era na parte mais ao norte. Foi obrigado a ceder aos colonos açorianos, vindos de Santa Catarina, a mando do Rei de Portugal, conforme decreto assinado em 1742 (Tratado de Madri), essas famílias foram arranchadas na parte desabitadas das terras, ou seja, na península. Em 1763, a antiga Capital do Estado, Rio Grande, foi transferida para Viamão e a maior parte da população que residia em Rio Grande, veio se refugiar também na península do Guaíba. Em 26 de março de 1772, o povoado foi elevado a Freguesia, com o nome de São Francisco do Porto dos Casais.
Agora a história da teimosia
Devido ao crescimento da população e da localização estratégica do porto, o então Governador José Marcelino de Figueiredo, resolveu transferir a capital do Rio Grande do Sul de Viamão para a então Porto do Casais. Teimoso, autoritário e de gênio forte, mudou o nome da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais para Freguesia da Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre, e se não fosse a teimosia do governador, com certeza os gaúchos teriam até hoje como capital a cidade de Viamão.
Para vocês terem uma amostra dessa personalidade forte, aconteceram alguns episódios interessantes, como o que ocorreu na própria transferência da capital
Os vereadores não queriam se mudar, mesmo contrariando as ordens do Governador, porém já tendo decidido a mudança, o governador não se fez esperar, em 24 de agosto de 1773, transferiu todo o governo para a nova capital, Porto Alegre. E os vereadores ainda lá, resistindo.
Contrariado com a demora e com o adiamento de decisões administrativas importantes, o governador, que já residia em Porto Alegre, convocou os vereadores para uma reunião. A convocação foi feita em 9 de maio de 1777. No mesmo dia, seguiram os vereadores para a capital, “distante quatro léguas”. Quando ali chegaram, foram falar com o governador, que lhes comunicou que deveriam assistir às ladainhas de maio, e sem maiores vacilações determinou que os vereadores fossem retidos na capital, sem poderem sair pelo “Portão”, que demarcava a saída da cidade. O portão, localizado na Praça do Portão, ficava na atual praça Conde de Porto Alegre. Naquela época, a freguesia era murada, e se fechava o portão a noite.
Após quatro dias, os vereadores voltaram a falar com o governador, que exigiu deles a quantia de 60 mil réis, a título de fiança. Ansiosos para voltarem para suas casas, pagaram a quantia solicitada, que foi usada na construção de uma ponte.
A retenção dos vereadores não foi o suficiente para convencê-los a se mudarem para a nova capital, e o governador continuou adotando medidas drásticas. Em 7 de novembro de 1778, voltou a convocar os vereadores, e lhes comunicou que não sairiam de Porto Alegre pois tinham ordem de residir naquele local. E finalmente os vereadores concordaram em virem viver na nova capital.
Fontes: www.riogrande.com.br / wikipedia